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Não é só “mais um feriado”!

não é só “mais um feriado”!

Não é só “mais um feriado”!

O dia Nacional da Consciência Negra foi instituído no Brasil através da Lei nº 10.639, que inclui o tema “História e Cultura Afro-Brasileira” como componente curricular obrigatório das escolas, um primeiro passo para promover a conscientização sobre o tema desde os primeiros anos de nossas crianças.

O dia 20 de Novembro faz menção à luta e morte de Francisco Zumbi, homem negro que, tendo nascido livre, foi feito escravo. Zumbi dos Palmares, ou Zumbi, como ficou popularmente conhecido, comandou o Quilombo dos Palmares por quase 15 anos e liderou a resistência de milhares de negros contra a escravidão no final dos anos de 1600. No período em que foi líder, Zumbi lutou diversas batalhas para defender o território e a liberdade dos negros no quilombo, mas em 1694 ele foi capturado por bandeirantes, e no ano seguinte ele foi assassinado. Zumbi foi decapitado e a sua cabeça foi exposta em uma praça de Recife, no estado de Pernambuco. Ele morreu lutando por um direito que lhe foi tomado, a sua liberdade.

O Dia Nacional da Consciência Negra é um convite à reflexão: por que após 133 anos da abolição da escravidão no Brasil, os pretos e pardos ainda sofrem tanta violência e abusos? Por que tantas pessoas ainda sofrem preconceito, tem sua liberdade e direitos cerceados unicamente pela cor de sua pele?

Mais do que um feriado, esta data quer chamar nossa atenção aos incansáveis anos de luta pelo fim do racismo, ainda muito arraigado em nossa sociedade.

Em 2019, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou uma pesquisa chamada “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça” que mostra que pretos e pardos somam 56% da população brasileira, mas ainda assim, têm os piores indicadores de renda, moradia, escolaridade, serviços, etc.

A taxa de analfabetismo entre negros era de 9,1% superior à da população branca e a taxa de negros fora das escolas chega a 19%.

O Atlas da Violência 2020 mostra que a taxa de homicídios entre negros cresceu 11,5% de 2008 a 2018, enquanto a de não negros caiu 12%. Ao todo, os negros somam 75,9% dos assassinados neste período. Ou seja, para cada indivíduo não negro morto, quase 3 negros são assassinados.

Esses números ficam ainda mais alarmantes quando olhamos pela faixa etária e gênero: em 2018, 68% das mulheres mortas eram negras. Os homens negros jovens representam mais da metade do número de jovens mortos.

Efeitos da COVID-19 na população negra no Brasil

A pandemia atingiu principalmente as atividades com maior participação da população negra e parda: comércio, trabalho doméstico, serviços e construção civil. O número de desemprego entre os jovens de 18 e 24 anos aumentou durante a pandemia, chegando a média nacional de 27,1%, onde a maioria são mulheres negras e pardas.

Outro efeito grave da doença, é a letalidade em pessoas negras. Por vezes sem acesso às medidas de controle sanitário da Organização Mundial da Saúde (OMS), como lavar as mãos com água potável e se manter distante das outras pessoas, a população negra é maioria entre os óbitos por consequências do novo corona vírus.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, 67% dos brasileiros que dependem exclusivamente do SUS (Sistema Único de Saúde) são negros, e esses também são maioria dos pacientes com diabetes, tuberculose, hipertensão e doenças renais crônicas no país — todos considerados agravantes para o desenvolvimento de quadros mais graves da Covid-19.

Os altos índices de mortalidade, desemprego e desigualdade racial mostram o impacto da falta de políticas e políticos comprometidos com essa causa no Brasil. Enquanto o Brasil não se assumir racista, o negro continuará sendo oprimido.

Apesar do cenário desfavorável, sentimos também sinais de resistência, onde a arte e os esportes se mantêm como grandes aliados que dão voz aos negros, mostrando que o racismo não pode mais ser tolerado de maneira alguma na sociedade.

Nesta data especial reforçamos a necessidade de continuar buscando os mesmos direitos e deveres, celebrando sempre, sem para de lutar e ter o orgulho do nosso povo e das nossas origens!

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